sábado, 26 de novembro de 2011

Aventuras Gastronômicas


Sobremesa Thailandesa.

Dizem que um dos métodos (ótimo por sinal) de se conhecer uma cultura é experimentando a sua comida - Partindo desse ponto de vista o Antunes e a Nina são especialistas em cultura Mexicana...rs -. Quem me conhece sabe que não sou muito chegado a experimentar comidas diferentes, mas esse ano aqui nos EUA abriu um pouco minha mente em relação a isso. Já experimentamos comida do Nepal/Himalaia, México, Eritreia, Mediterrânea, Grega e de El Salvador. Eu já comi até camarão (mas não gostei não). Segue abaixo algumas das nossas aventuras gastronômicas mais recentes:

Prometemos a um casal de amigos fazer Feijoada, e depois de muito tempo marcamos para sábado retrasado (12/11). Após consultar nossas famílias no Brasil e a internet, seguimos a busca pelos ingredientes necessários, não achamos alguns “originais” e tivemos que comprar os similares. Devido a isso estávamos um pouco preocupados com o gosto da Feijoada, se ficaria igual ou não. E não é que ficou?!
Nossa feijoada fez sucesso, assim como a farofa, a couve refogada, a caipirinha (feita com 51) e o doce de abóbora que fizemos. Sucesso total. 

No domingo seguinte (13/11), depois de muito tempo adiando, fomos almoçar num Templo Budista Tailandês. O primeiro fato interessante é ter que trocar dólar pelo dinheiro deles para poder comprar a comida. Segundo é almoçar junto com alguns monges budistas – Tenho um amigo monge que mora nesse templo - A comida é bem diferente e apimentada, muito saborosa, menos um “roll” de arroz e verduras que a Deh pegou, sem gosto nenhum e graça alguma. Depois do almoço, fizemos uma visita guiada – com o meu amigo monge – pelo templo, conhecendo os lugares onde eles fazem meditação e o jardim do templo. Muito bonito o lugar.

Na quinta-feira subsequente (17/11) fomos almoçar com alguns colegas meus da escola de inglês em um restaurante Sul-Coreano. O almoço foi divertidíssimo, tinha pessoas do mundo inteiro - brasileiros, italiana, koreano, japoneses, alemã, chinês, mexicanos, camaronês, entre outos... A comida é muito boa e apimentada (eu pedi sem pimenta). Tentamos comer com os famosos “pauzinhos”, mas foi bem difícil e engraçado. A Déh comeu um macarrão meio estranho, que ficava sambando na boca, mas disse que estava bom...rs...

E para finalizar, a mais recente de todas, hoje (26/11) fomos jantar num restaurante grego para iniciar a comemoração do niver da Déh. Comida excelente e em abundância, saímos de lá rolando. Eu comi Gyro, o famoso e real churrasco grego, e a Déh comeu Moussaka.

Já conhecemos vários lugares gastronomicamente falando, os próximos serão Paquistão e França.

Clique aqui para acessar algumas fotos do nosso final de semana gastronômico.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pensando o Occupy...


Esse é mais um texto que nasce de uma pergunta. A Fer Pezzato me pediu pra contar um pouco sobre o que tenho visto aqui em Berkeley a respeito do movimento Occupy. Atenta à enxurrada de fotos, vídeos e textos que tenho compartilhado no facebook sobre o assunto, ela achou que eu devia ter alguma coisa a dizer... a verdade é que eu vejo aqueles vídeos e leio os textos no esforço (enorme) de compreender alguma coisa. Mais esforço ainda fiz para escrever esse texto, que foi um bom exercício pra tentar organizar um pouco minhas idéias. Ressalto que ele é ainda incompleto e parte desse processo. Aqui vai...

Eu nunca participei de movimentos sociais. Nem durante minha graduação cheguei perto do movimento estudantil. Participei sim de todas as assembleias que consegui, porque achava importante ao menos ouvir e tentar entender. Meu problema era esse, eu nunca me senti a vontade em reproduzir um discurso que eu não entendia – talvez porque batia de frente com toda a ideologia do selfmade man que ouvia em casa. Me lembro de ter participado de uma única “passeata” dentro da Unesp, no meu primeiro ano, porque passaram na minha sala e levaram todo mundo. Como sempre, eu não entendi direito o que estava acontecendo, mas ouvi uma frase da qual lembro claramente. Conversando com alguns calouros, um veterano disse: “apenas isso não basta, é preciso ter o conceito nas mãos”.


Sproul Hall
Não é necessário dizer que estou procurando esse tal conceito até agora, é? Mas o maldito me escapa, toda vez que penso, iludida, que consegui agarrá-lo!  Esse ano, um novo desafio: tentar entender esses movimentos sociais todos que “resolveram” eclodir bem nesse ano que estou, digamos, “longe de casa”. Olha só, que nostálgico: eu estou em Berkeley, exatamente na cidade onde nasceu o “free speech movement” dos anos 1960, assistindo o que parece ser o seu “retorno”. Ontem mesmo eu conversava com uma senhora que se mudou para Berkeley em 1964. Ela me dizia: “Eu olho para o Sproul Hall como ele está agora, cheio de alunos se manifestando, e me vem à memória os discursos que eu vi ocorrer exatamente aqui no ano que me mudei. Parece que sua semente permaneceu na história e resolveu brotar esse ano novamente.”. É verdade, esse clima de nostalgia, de reviver o passado, toma conta dos discursos de muitos daqueles que vão lá, nas escadarias do Sproul Hall, falar à multidão de estudantes – que nessa terça-feira somou mais de mil. Em assembléia, votaram por ocupar a Universidade. Montaram barracas – as mesmas que semana passada foram retiradas pelos policiais que os agrediram de forma covarde. Mas, dessa vez, eles “apenas” aconselharam: “o que vocês estão fazendo é proibido”. Fico pensando, como implodir um sistema falido a partir de suas próprias regras circulares que trabalham pela sua manutenção? Talvez seja esse mesmo o espírito revolucionário que, ousando ir além do estabelecido, consegue – talvez, quem sabe? – modificar alguma coisa.


Assembleia na terça-feira que decidiu pela ocupação
O que esses estudantes querem? Em primeiro lugar, eles querem o fim da taxa de matrícula desta Universidade que é pública, mas não gratuita. Um estudante da Berkeley termina sua graduação com uma dívida média de 25 mil dólares. A essa altura, você pensa: bom, eles estão apenas pensando em si mesmos! Agora, faça as contas: são mais de 35 mil alunos. Essa reivindicação – que não sabemos onde dará – não é fruto de uma ação egoísta e individualista. Cortar a taxa de matrícula significa reestruturar o sistema universitário, aumentar o investimento do governo na educação pública, abrir a universidade a outras parcelas da população. Significa, em alguma medida, mudança na esfera social. Significa redistribuição de renda, remanejamento do dinheiro público (ao invés ajudar os bancos ou investir em guerras, que tal educação?), saindo das mãos do 1% e passando para os 99%. Por isso, os estudantes se identificam com os movimentos de ocupação que tomaram conta não apenas dos Estados Unidos. O sistema não vai mudar sozinho. Quem é que vai ter a coragem de dar a cara à tapa?


Em relação aos movimentos de massa de modo geral, vejo uma diferença. Os manifestantes do Occupy querem discutir ideias. É claro que há contradições. É óbvio que não podemos generalizar. Como disse, proliferam discursos apaixonados e para esses, seguidores também não faltam. Mas uma moça fez um pedido ao microfone e falou aos intelectuais de plantão: “não queiram adotar esse movimento e nos representar, estamos construindo com muita dificuldade, queremos conversar, mas pensar com nossas próprias cabeças, ter autonomia”. O quanto esses movimentos vão modificar o mundo em que vivemos é uma questão em aberto. Se eles avançarem na direção dessa reflexão conjunta, da tomada de consciência de parcelas cada vez maiores da população, na construção efetiva daquela autonomia, já terão cumprido um grande papel. 


PS. 1 - As barracas foram retiradas do Sproul Plaza pelos policiais na última madrugada. Mas o movimento continua.
PS. 2 – A classe média americana tem ideias similares à brasileira e acha que os estudantes têm que parar de protestar e estudar para, como eles, tentar fazer parte do 1%.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O maior espetáculo da Terra...




Quarta passada assistimos, pela primeira vez, um espetáculo do Cirque du Soleil. O espetáculo que está ocorrendo em San Francisco é o TOTEM. Frequentei diversos circos quando era criança, e alguns depois de adulto, mas nenhum espetáculo chega tão próximo da perfeição como o deles. Lógico que são tipos de espetáculos diferentes, mas fiquei fascinado com o espetáculo, me senti uma criança no circo novamente. Pena não poder filmar ou gravar durante o show, como brasileiro que sou pensei em fazer isso, mesmo sendo proibido, mas tinham 3 mil pessoas (+ ou -) assistindo o espetáculo, praticamente ninguém tentando tirar fotos, sim os americanos seguem as regras, então devido a isso me senti mal em tentar tirar foto e não tirei, só na hora de dar tchau.

É difícil descrever ou explicar a emoção e a sensação assistindo um espetáculo desses, a mistura que eles fazem com musica, tecnologia, circo e dança é fantástica, emocionante. Só quem assistiu ao vivo para saber, e afirmo: VALE A PENA. Pena que no Brasil os ingressos sejam tão caros e não temos um grande número de shows.

Eles voltarão, na última noite que estaremos nos EUA, dia 10 de Janeiro, com o espetáculo em homenagem ao Michael Jackson, mas acho que não iremos, uma pena! 

No começo do texto está o vídeo de divulgação do espetáculo que assistimos, e AQUI algumas fotinhos que tiramos (antes, no intervalo e depois do espetáculo), incluindo a foto do nosso "lanchinho" antes do espetáculo.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Uma pergunta pela manhã


Hoje pela manhã, antes de começar a trabalhar no meu relatório (sim, confesso que faço isso sempre!) entrei no facebook e encontrei uma pergunta do meu amigo Alessandro, da UFSCar, que reproduzo aqui: 

Deborah, gostaria de lhe fazer uma pergunta. Faz meses que você está aí. Eu devo confessar que tenho uma imagem bastante negativa do povo americano...os cristalizei em clichês que amalgamam imperialismo, puritanismo, racismo, superficialidade etc. Também não posso negar o fascínio que exercem, sobretudo em relação ao cinema e a televisão. Sou fã de House e, como sabe, de Star Wars. Poderia dizer como você imaginava essas pessoas e como os vê agora?”

Achei muito interessante essa pergunta, porque é algo em que tenho pensado com  frequência... Inclusive porque certo preconceito até se volta contra mim, já que, afinal de contas, eu escolhi fazer meu sanduíche nos EUA e não na Europa, pra onde vai a maioria do pessoal de humanas. Talvez eu não seja tão “vintage”. Há quem desconfie das minhas “reais intenções marxistas” (o que quer que isso signifique), confundindo um estágio de pesquisa com escolha pelo imperialismo e não pelo estado de bem-estar social (a-ham).

Tentei responder sucintamente pelo facebook, mas não consegui! E saiu esse texto aqui.

Bom, mas preconceito – ou visão parcial, estreita etc – é algo que me interessa, é algo que eu estudo e é algo em que eu estou, todo o tempo, prestando muita atenção. Especialmente em mim. E tento fazer algo na direção oposta ao primeiro impulso que vem dessa coisa que corrói a nossa alma, quer sejamos intelectuais ou não. Não inventaram imunidade para essa “doença” que é o ser “normal” do nosso tempo.  

Mas, a pergunta é como eu via o povo americano antes de vir pra cá e se minha visão mudou, certo? Meu sentimento em relação aos EUA (como país) também era esse de repulsa e fascinação (se é que ainda não é...). E, invariavelmente, esse é o sentimento do dominado. Aprendemos no discurso universitário que esse é o país dos vermes imperialistas e imorais. Aprendemos pela TV, contudo, a admirar e até invejar esses “vermes”. Você sabe qual é o problema, no meu ponto de vista, sobre essa visão? É o julgamento moral de um povo inteiro baseado numa visão econômica. De uma economia, aliás, que não são eles que dominam, mas que chegou num estágio que os domina material e psicologicamente (como faz também com a gente).

A convivência com alguns americanos me fez experienciar o que racionalmente eu já sabia. Eles são pessoas (olha que conclusão genial!) como quaisquer outras. E você vai encontrar gente bacana e gente nem tão legal assim. E você também vai perceber que a gente bacana também tem suas contradições, assim como quem não é tão legal assim (contradições que, no fim, passam até a serem certa virtude).  Passei por essa experiência também quando fui pra Alemanha (meu inconsciente ridículo me dizia que eram todos mini-Hitlers). Eu tenho tido a sorte de cruzar com aqueles que têm facilitado muito a minha vida.  Isso não quer dizer que, culturalmente, não haja diferença. Existem diferenças sim no modo de pensar, de se expressar etc. Mas, sinceramente, não há nada que os faça (ou que nos faça) superiores ou inferiores. E eu tenho aprendido um bocadinho nessa diferença, porque ela também tem me ajudado a ver quem sou.  E nem sempre eu gosto.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Experiências em Philly



Acabei de voltar da Conferência Critical Refusals, na Filadélfia. Organizada pela International Herbert Marcuse Society, não é de se espantar que o clima revolucionário tomou conta de muitas apresentações e discussões. A expressão “tolerância repressiva” foi utilizada muitas vezes para se falar da opressão velada vivida pelos grupos minoritários, sejam mulheres, negros, latinos, homossexuais etc. Mas, a realização de um evento como esse, em uma Universidade privada, nos Estados Unidos, custando caro – e muito caro – não poderia ser caracterizada também como uma espécie de tolerância repressiva?


Há dois tipos de efeito que penso que esse tipo de “tolerância” para com o discurso social – e revolucionário – podem acarretar: um externo e outro interno. O efeito externo – e por externo quero dizer que vai para além dos muros das Universidades – é a representação de certas figuras acadêmicas como líderes ou gurus de um movimento, de uma ideia etc, que reforça a formação de massas lutando “por boas causas”, mas sem a consciência de suas próprias determinações e ações. Veja bem, os movimentos, tais como o “Occupy Wall Street”, nascem de forma independente do pensamento teórico, nascem de uma necessidade prática experienciada por um conjunto da população: não há emprego, não há distribuição igualitária de comida, não há condições mínimas de uma vida socialmente justa. De fora, chegam intelectuais com seus discursos sinceramente brilhantes, que viram, ali, figuras de destaque. O que não se compreende é que a conexão entre teoria e prática tem uma dimensão necessária para além da consciência coisificada. O que falta é a compreensão de como superar essa falsa consciência.


É exatamente nesse ponto que encontro o que chamei de efeito “interno”. A falsa consciência é um fenômeno universal que está também arraigado na alma desses mesmos intelectuais. O discurso brilhante sobre determinados fenômenos sociais, sobre como trabalhar de forma radical buscando a superação das condições desumanas de vida vigentes sob o capitalismo encontra seu revés nas ações inconscientes e espontâneas que deixam transparecer uma visão de mundo centrada na América do Norte. Mesmo quando há o reconhecimento da existência de trabalhos excelentes na “periferia”, a ele se segue o pedido “inocente” de que, por favor, “escrevam em inglês ou traduzam para o inglês seus textos”. Não se dá um passo para fora da zona de conforto, não se dá um passo na direção da tão necessária auto-reflexão crítica. Não estou deixando de reconhecer aqui a importância do diálogo internacional, ao contrário, acredito que um verdadeiro diálogo internacional, principalmente entre pessoas que se autodenominam críticas, deve ser mais do que isso, deve ser cosmopolita.


Mas, essa é apenas uma reflexão crítica sobre uma conferência que foi, de longe, uma das mais impressionantes que participei, seja pela organização e estrutura, seja pelo quanto me senti bem-vinda desde o primeiro e-mail que recebi. São as contradições com as quais a gente tem que conviver, mas as quais a gente não pode deixar de problematizar, com o risco de se tornar cúmplice.


Sobre a minha apresentação, foi bem legal. O Wolfgang estava presente e foi muito bom reencontrá-lo. Também conheci um pessoal bacana do Brasil e no domingo a gente foi dar uma voltinha por Philly, uma cidade muito bonita. Confere aqui.

sábado, 22 de outubro de 2011

In Concert...

Fonte: dbguides.com
 
Vocês se lembram dos primeiros cinemas? Do cinema mudo onde sempre tinha algum músico tocando a "trilha sonora" ao vivo? Como seria isso nos dias atuais, com cada vez mais tecnologia e efeitos especiais? Hoje tivemos uma experiência diferente em relação ao filme e à música...

Assistimos "O senhor dos Anéis - A sociedade do Anel". Acho que essa deve ter sido a quarta vez que assisti esse filme. Então, qual é a novidade para escrever algo sobre isso no Blog? É que dessa vez foi em um Ginásio de Basquete, do Golden State Warriors em Oakland e com a trilha sonora do filme sendo tocada ao vivo pela Munich Symphony, interpretada pelo Pacific Chorale e Phoenix Boys Choir e regida pelo Maestro Ludwig Wicki - maestro responsável e premiado por regir todas as músicas da Trilogia, que foram compostas por Howard Shore.

Experiência única e emocionante. Nunca pensei que um dia pudesse assistir um filme no cinema (na verdade, um ginásio) e a trilha sonora ser tocada ao vivo, e ainda por cima, por uma orquestra. Foi fantástico. Os cinemas podem ter som com qualidade de DVD ou Blu-ray, mas nada chega próximo de escutar um orquestra tocar ao vivo. Você se sente mais dentro do filme do que quando assiste um filme 3D.

Foram, aproximadamente, 3 horas de espetáculo, com um intervalo no meio (que quase fomos embora achando que tinha acabado...rs...). Um espetáculo a parte foram os americanos fãs da Trilogia indo assistir o concerto fantasiados. Nós vimos vários Frodos, Gandalfs, Elfos, etc... HILÁRIO. Além disso, vimos também uma exposição com itens utilizados nas gravações da Trilogia.

Veja abaixo um vídeo do espetáculo (não fui eu que filmei...rs...)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O semestre dos eventos acadêmicos

O que é o “segundo semestre” de um ano? É um período que passa muito, muito rápido! Depois de julho, um piscar de olhos e já se vê enfeites de Natal pelas lojas e até panetones nos supermercados. Essa segunda parte do ano é bem corrida, mesmo aqui onde – invertidos pela linha do Equador – estamos no “primeiro semestre acadêmico”. 

Quem vive no ambiente acadêmico sabe que é nesse período que ocorre a maior parte dos encontros, congressos e seminários. Além das aulas que tenho assistido – Jay sobre Habermas e Butler sobre Hegel – tenho tido o privilégio de assistir uma série de palestras que têm enriquecido definitivamente minha experiência por aqui.  

Tenho lido Habermas para as aulas do Jay. Gostei bastante do primeiro livro “Mudança estrutural da esfera pública”. Juro que me esforcei para ler Habermas como uma criança que lida com uma novidade, mas depois do primeiro livro, ele começou a me parecer meio “naïve”... embora o Jay se esforce para fazê-lo ter todo o sentido. Sobre as aulas da Butler, o que dizer? Simplesmente não pisco! É um novo Hegel para mim. 

Ah, as palestras! Boas por si só, também foram uma ótima surpresa quando pela primeira vez alguém me perguntou sobre um acadêmico brasileiro e não sobre a Dilma, o Caetano Veloso, a caipirinha ou a feijoada! O Prof. Geuss ministrou uma série de palestras no final de setembro que me reanimaram um pouco em relação à minha pesquisa, aos meus “insights” e “intuições”. Mas também conversamos sobre Fernando Pessoa e Euclides da Cunha. Também assisti uma palestra bem instigante do Prof. Hullot-Kentor – que redescobriu a pequenez desse mundo quando viu que conhecíamos as mesmas pessoas do grupo de Teoria Crítica no Brasil. 

Ontem fui à Universidade de Stanford, que fica a umas 2 horas daqui. Assisti a uma palestra do Zizek. Achei a Universidade linda! Meio faraônica... e lá estava mais quente do que aqui!! A palestra do Zizek estava lotada e eu gostei do que ouvi, não porque concordei assim sem mais, mas porque me desafiou em certo sentido. O bom mesmo é sempre voltar pra casa com a cabeça cheia de novos pensamentos, questões e contradições para se refletir sobre. E no final do mês tem a conferência na Pensilvânia... 

Ok, já sei o que você está pensando... eu pareço uma criança num parque de diversões, acertei? É isso aí, acho o maior "barato"... Há problemas? Há coisas para serem criticadas? Claro que sim! Mas estou aproveitando, apenas isso.


E também tem um vídeo do começo da palestra:


Um beijo e um abraço apertado com muiiitas saudades de todos!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

100 years

Nesse semestre estou tendo aula com 2 professoras que gostam de trabalhar com música, elas dizem que cantar melhora nossa pronúncia. Quem me conhece sabe que canto mal pacas (acreditem, em inglês pode ser bem pior), mas vale tudo para melhorar meu inglês.
Hoje na aula da tarde, nós trabalhamos com uma música chamada 100 years (100 anos) do grupo Five for Fighthing, nunca tinha ouvido falar nesse grupo e muito menos escutado essa música, mas ela acabou intensificando alguns sentimentos que tem me perseguido esse ano, principalmente o medo da minha vida estar passando rápido demais (to quase nos 30...rs...) e de eu não estar "aproveitando" ela como deveria.

Cada um sabe como aproveitar sua vida, mas não devemos só pensar em grandes coisas (que muitas vezes`são dificeis de alcançar e causam grandes frustrações), podemos aproveitar nossas vidas com pequenas coisas e atitudes diariamente. Como andar de bicicleta em uma manhã ensolarada de quarta feira com o amor da sua vida. Muitos não podem fazer isso, enquanto eu posso, irei fazer.

Resumindo, a música relata fases da vida de uma pessoa, nesse caso um homem, entre 15 anos e 99 anos e mostra o quanto nossa vida passa rápido. Segue abaixo o clipe da música para você assistir e o link com a letra em inglês e a tradução para portugues, mas acho que a tradução esta bem ruinzinha.



APROVEITEM A VIDA, ELA É UMA SÓ!

domingo, 25 de setembro de 2011

Se o inconsciente é linguagem...


Outro dia compartilhei no facebook minha árdua tarefa de escrever um paper para uma conferência que irei participar em Outubro na Pensilvânia. Eu sabia que ninguém poderia me ajudar, mas precisava ao menos dizer “socorro!”. Um breve desabafo pra deixar as energias fluírem e não descontar nos livros, no notebook ou mesmo no coitado do Alex. Naquele momento, entre os comentários carinhosos que recebi de vários amigos, o Amauri me lembrou que “é difícil escrever em qualquer língua”! Não, ele não estava querendo me desanimar. Estava sim querendo me lembrar que se sou capaz de escrever em Português, sou bem capaz de fazê-lo em Inglês. Quanto à dificuldade: Verdade. Linguagem (do que a escrita é apenas uma parte) é uma coisa traiçoeira. Diz muito quando queremos esconder – pra falar um pouco dos chistes e atos falhos freudianos – e não diz absolutamente nada, quando precisamos propositalmente comunicar o essencial.

Escrevi o paper em três dias. Tempo recorde (tirando o que apresentei no Campus de Excelencia que preparei na noite anterior, porque até então não sabia que a apresentação seria oral). Normalmente reservo uma semana para escrever textos para congressos. Mas nesse caso já estava “tudo” na minha cabeça. O paper é um resumo malacabado dos três primeiros capítulos da minha tese. Digo isso não por baixa auto-estima, mas porque é impossível resumir, com perfeição, 150 páginas em 10. Você pode perguntar: Mas Deborah, sua louca, por que querer dizer tudo em tão pouco tempo (ou espaço)? Porque quero colocar minhas idéias à prova (a defesa está chegando – “você está atrasada” como diria o coelho à Alice), e elas precisam estar conectadas. Complexo assim.

Li e reli o artigo. Imprimi, li novamente "no papel” (é incrível como a tela do computador consegue esconder coisas!), encontrei erros, arrumei, reli, re-arrumei. Insegurança n. 1 – Se eu cometo erros em Português que passam batidos pelos vícios de se ler o próprio texto, como não cometê-los em Inglês que não é minha língua materna? Insegurança n. 2 – Eu não inseri no artigo algumas sugestões do Jay, porque eu... como dizer... eu não concordo! Ok, pode parecer petulância, mas não consigo – e isso é uma coisa moral – defender algo que pra mim não faz o menor sentido (ainda que eu possa vir a mudar de ideia; mas aí a coisa muda de figura...).

Entreguei o texto para o Jay, depois de uma breve conversa sobre os avanços ou não da tese. Ao que ele me agradeceu a visita e reforçou meu comportamento de levar questões para serem discutidas no horário de atendimento aos alunos (sim, eu acho que ele é adepto do reforço positivo). Ele me disse que leria e me daria um feedback o mais breve possível, já que devo enviar o texto completo pra organização da conferência no próximo dia 03. Enquanto isso... suspense... 

Vou te dizer uma coisa. Faz uns aninhos que um orientador não lê um texto meu antes de eventos. Não vou discutir o motivo. Prefiro acreditar na tese segundo a qual eles botam fé no meu trabalho. Mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, dá um medo ter um texto revisado por um especialista em Teoria Crítica do porte do Jay. O desespero é ainda maior quando, depois de 15 dias, ele me diz que ainda está na metade do artigo porque corrigir os erros estava dando muito trabalho (ops, isso não foi um reforço positivo!). No mesmo dia, o Fabio Durão compartilhou a seguinte chage, com a qual – paranoicamente ou não – eu me identifiquei imediatamente:



Imaginou como foi a semana de crise existencial? 

.
.
.

Final da aula dessa sexta-feira: Deborah, você pode passar na minha sala entre as 3 e 4? Eu já terminei de ler seu texto. Mas é claro! (nó na garganta).

Aqui está, corrigi algumas pontuações e preposições, coisas que só um “native speaker” consegue fazer. Ao que, descrente e olhando o texto em minhas mãos, eu respondo: só isso? Confesso que pensei que estivesse pior!

Pois é, como disse, era necessário que um “native speaker” corrigisse e foi o que eu fiz, mas não mudei nada estilisticamente.

Em casa, Alex me pergunta: Você tem certeza que ele disse que estava demorando pra ler porque tinha muitos erros? Se ele disse, eu não sei mais, mas foi o que eu ouvi.

Linguagem, essa moça traiçoeira!

(um ponto pro Lacan)

_____________________________

Tradução do quadrinho
"Eu fiz uns poucos ajustes no rascunho que você me mandou"
"Você... reescreveu tudo."
"Sim, é mais fácil pra mim reescrevê-lo do que apontar tudo que você fez errado. Eu chamo isso aprendizagem por demonstração"
"O que nós estamos demonstrando?"
"Que você é um mau escritor"

"PHD Comics" faz piadas com as agruras do mundo acadêmico: www.phdcomics.com
(o quadrinho do dia 23.09 responde algumas dúvidas... ou não).