sexta-feira, 30 de setembro de 2011

100 years

Nesse semestre estou tendo aula com 2 professoras que gostam de trabalhar com música, elas dizem que cantar melhora nossa pronúncia. Quem me conhece sabe que canto mal pacas (acreditem, em inglês pode ser bem pior), mas vale tudo para melhorar meu inglês.
Hoje na aula da tarde, nós trabalhamos com uma música chamada 100 years (100 anos) do grupo Five for Fighthing, nunca tinha ouvido falar nesse grupo e muito menos escutado essa música, mas ela acabou intensificando alguns sentimentos que tem me perseguido esse ano, principalmente o medo da minha vida estar passando rápido demais (to quase nos 30...rs...) e de eu não estar "aproveitando" ela como deveria.

Cada um sabe como aproveitar sua vida, mas não devemos só pensar em grandes coisas (que muitas vezes`são dificeis de alcançar e causam grandes frustrações), podemos aproveitar nossas vidas com pequenas coisas e atitudes diariamente. Como andar de bicicleta em uma manhã ensolarada de quarta feira com o amor da sua vida. Muitos não podem fazer isso, enquanto eu posso, irei fazer.

Resumindo, a música relata fases da vida de uma pessoa, nesse caso um homem, entre 15 anos e 99 anos e mostra o quanto nossa vida passa rápido. Segue abaixo o clipe da música para você assistir e o link com a letra em inglês e a tradução para portugues, mas acho que a tradução esta bem ruinzinha.



APROVEITEM A VIDA, ELA É UMA SÓ!

domingo, 25 de setembro de 2011

Se o inconsciente é linguagem...


Outro dia compartilhei no facebook minha árdua tarefa de escrever um paper para uma conferência que irei participar em Outubro na Pensilvânia. Eu sabia que ninguém poderia me ajudar, mas precisava ao menos dizer “socorro!”. Um breve desabafo pra deixar as energias fluírem e não descontar nos livros, no notebook ou mesmo no coitado do Alex. Naquele momento, entre os comentários carinhosos que recebi de vários amigos, o Amauri me lembrou que “é difícil escrever em qualquer língua”! Não, ele não estava querendo me desanimar. Estava sim querendo me lembrar que se sou capaz de escrever em Português, sou bem capaz de fazê-lo em Inglês. Quanto à dificuldade: Verdade. Linguagem (do que a escrita é apenas uma parte) é uma coisa traiçoeira. Diz muito quando queremos esconder – pra falar um pouco dos chistes e atos falhos freudianos – e não diz absolutamente nada, quando precisamos propositalmente comunicar o essencial.

Escrevi o paper em três dias. Tempo recorde (tirando o que apresentei no Campus de Excelencia que preparei na noite anterior, porque até então não sabia que a apresentação seria oral). Normalmente reservo uma semana para escrever textos para congressos. Mas nesse caso já estava “tudo” na minha cabeça. O paper é um resumo malacabado dos três primeiros capítulos da minha tese. Digo isso não por baixa auto-estima, mas porque é impossível resumir, com perfeição, 150 páginas em 10. Você pode perguntar: Mas Deborah, sua louca, por que querer dizer tudo em tão pouco tempo (ou espaço)? Porque quero colocar minhas idéias à prova (a defesa está chegando – “você está atrasada” como diria o coelho à Alice), e elas precisam estar conectadas. Complexo assim.

Li e reli o artigo. Imprimi, li novamente "no papel” (é incrível como a tela do computador consegue esconder coisas!), encontrei erros, arrumei, reli, re-arrumei. Insegurança n. 1 – Se eu cometo erros em Português que passam batidos pelos vícios de se ler o próprio texto, como não cometê-los em Inglês que não é minha língua materna? Insegurança n. 2 – Eu não inseri no artigo algumas sugestões do Jay, porque eu... como dizer... eu não concordo! Ok, pode parecer petulância, mas não consigo – e isso é uma coisa moral – defender algo que pra mim não faz o menor sentido (ainda que eu possa vir a mudar de ideia; mas aí a coisa muda de figura...).

Entreguei o texto para o Jay, depois de uma breve conversa sobre os avanços ou não da tese. Ao que ele me agradeceu a visita e reforçou meu comportamento de levar questões para serem discutidas no horário de atendimento aos alunos (sim, eu acho que ele é adepto do reforço positivo). Ele me disse que leria e me daria um feedback o mais breve possível, já que devo enviar o texto completo pra organização da conferência no próximo dia 03. Enquanto isso... suspense... 

Vou te dizer uma coisa. Faz uns aninhos que um orientador não lê um texto meu antes de eventos. Não vou discutir o motivo. Prefiro acreditar na tese segundo a qual eles botam fé no meu trabalho. Mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, dá um medo ter um texto revisado por um especialista em Teoria Crítica do porte do Jay. O desespero é ainda maior quando, depois de 15 dias, ele me diz que ainda está na metade do artigo porque corrigir os erros estava dando muito trabalho (ops, isso não foi um reforço positivo!). No mesmo dia, o Fabio Durão compartilhou a seguinte chage, com a qual – paranoicamente ou não – eu me identifiquei imediatamente:



Imaginou como foi a semana de crise existencial? 

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Final da aula dessa sexta-feira: Deborah, você pode passar na minha sala entre as 3 e 4? Eu já terminei de ler seu texto. Mas é claro! (nó na garganta).

Aqui está, corrigi algumas pontuações e preposições, coisas que só um “native speaker” consegue fazer. Ao que, descrente e olhando o texto em minhas mãos, eu respondo: só isso? Confesso que pensei que estivesse pior!

Pois é, como disse, era necessário que um “native speaker” corrigisse e foi o que eu fiz, mas não mudei nada estilisticamente.

Em casa, Alex me pergunta: Você tem certeza que ele disse que estava demorando pra ler porque tinha muitos erros? Se ele disse, eu não sei mais, mas foi o que eu ouvi.

Linguagem, essa moça traiçoeira!

(um ponto pro Lacan)

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Tradução do quadrinho
"Eu fiz uns poucos ajustes no rascunho que você me mandou"
"Você... reescreveu tudo."
"Sim, é mais fácil pra mim reescrevê-lo do que apontar tudo que você fez errado. Eu chamo isso aprendizagem por demonstração"
"O que nós estamos demonstrando?"
"Que você é um mau escritor"

"PHD Comics" faz piadas com as agruras do mundo acadêmico: www.phdcomics.com
(o quadrinho do dia 23.09 responde algumas dúvidas... ou não).

domingo, 11 de setembro de 2011

Yosemite National Park

A natureza pode até ser uma mãe, como é conhecida, mas é uma mãe das mais severas. Há algumas semanas lemos uma notícia sobre um ataque de um urso a algumas pessoas que estavam acampando no Parque Nacional de Yellowstone. Yellowstone é a área mais antiga a ser considerada parque nacional nos EUA e é também um dos mais famosos.  Ele fica nos estados de Montana e Wyoming.  A Califórnia também tem muitos parques nacionais, já tínhamos ido ao de Point Reyes, e àqueles no Big Sur. Esse final de semana fomos ao de Yosemite – o lugar é tão, mas tão lindo, que é considerado patrimônio mundial pela Unesco...



A decisão de ir visitá-lo nesse final de semana foi tomada no susto, porque o Jay cancelou a aula dessa sexta e o Alex teve duas noites sem trabalho no mercado (sexta e sábado). O Alex morria de vontade de conhecer o Parque, então, por que não? O mais difícil foi conseguir lugar para dormir por lá, uma vez que os hotéis já estavam lotados. Para ficar dentro de Yosemite, tínhamos duas alternativas: ficar em barracas, como as de camping, mas já montadas, ou acamparmos com nossas próprias barracas (que não temos). Pois bem, você acha mesmo que com as histórias de ursos por aí eu ia conseguir dormir numa barraca no meio da floresta?



Tudo bem, tudo bem, os ursos apenas atacam caso se sintam acuados, ou quando estão em busca de comida. Por isso, há milhares de placas no Parque sinalizando pra não deixar restos de comida dando “sopa” por aí, nem dentro de barraca, nem dentro de carro (o urso vai destruir seu carro pra pegar qualquer coisa que pareça comida pelo cheiro – mesmo se for um sabonete de maçã). Pelo sim ou pelo não... Procura daqui, procura dalí, encontrei um Bed & Breakfast bem aconchegante em Mariposa, a cidade mais perto do parque. Dormirmos nele e, no dia seguinte, voltamos para conhecer mais um pouco do “nosso” patrimônio.

As trilhas de Yosemite são bem pesadas, porque a região é totalmente montanhosa. Muitas montanhas alí foram formadas em plena Era Glacial e são compostas de puro granito – como El Capitan, que forma uma parede enorme onde gente com espírito mais aventureiro faz escalada. Tem muita nascente de água e muita cachoeira (com volume de água reduzido nessa época do ano, por causa da seca) e, embora às vezes dê vontade de desistir, chegar ao ponto “final” da trilha é reconfortante - a sensação é de que vale a pena cada esforço das pernas e dos pulmões. Mais maravilhoso ainda é enxergar e reconhecer lá de cima os locais visitados, quando atingimos um outro ponto mais alto do Parque. Gostaria de ter passado mais uns dias por lá.



Ah... e não vimos nenhum urso! Embora o Alex tenha ficado procurando atentamente. Ele queria sim encontrar um “só pra fotografar”... por sorte, cruzaram nosso caminho apenas alguns esquilos, veados e pica-paus. A mãe natureza estava boazinha... UFA!

Algumas fotos ---> Aqui

domingo, 4 de setembro de 2011

Home, sweet home...



Dizem por aí que não há melhor lugar no mundo do que a casa da gente. Há quem se mude com freqüência, quem more na mesma casa em que nasceu por décadas, quem prefira não viajar apenas para curtir o aconchego de sua própria casa ininterruptamente, quem resuma sua casa em poucos pertences e a leve numa mochila. Nesse caso, sorte das tartarugas e dos caramujos que levam seu doce lar para onde quer que vão!

Na referência ao caramujo, lembrei que casa significa também proteção. Daí muitas vezes a assimilação do lar com a família, com as lembranças da infância – ainda que da ordem do desejo ou da imaginação. Eu já tive vários lares! Já vi meus pais desenharem nossas casas no papel e depois erguerem tijolo por tijolo, já me mudei no susto e fiz da nova cidade meu lar arrumando as coisas com o tempo, já morei numa chácara, numa república com colegas da faculdade,  com uma mãe postiça em Münster (ainda que por apenas 3 semanas), sozinha. Guardo com carinho as recordações cada época. Mas hoje, me lembro com mais nostalgia mesmo é do meu apartamento em São Carlos! (talvez logo, logo, seja daqui...)

Não foi a primeira vez que morei sozinha – já tinha morado sozinha durante o último ano da faculdade – mas foi a primeira vez que me mudei para uma cidade que praticamente não conhecia (tinha ido para São Carlos duas vezes, durante o período da seleção do mestrado).  Sozinha e numa cidade desconhecida. Pode parecer assustador, mas foi uma das melhores experiências que tive. Acho que ali eu aprendi a ser eu mesma. E talvez, meus amigos, um lar de verdade seja exatamente isso, um lugar onde a gente possa ser a gente mesmo – o que quer que isso signifique! Não estou falando de um “eu” original que surja a partir do fundo da nossa alma, porque não acho que seja bem assim a história, mas de um “eu” que se faz quando temos um lugar tranqüilo para pensarmos em quem somos e em quem queremos ser – ainda que não seja definitivo e ainda bem que não é!

Minha experiência de “lar” aqui em Berkeley tem sido similar a essa, com a vantagem, é claro, de não estar sozinha! Estava sozinha quando decidi que essa seria minha nova casa (embora o Alex tenha participado do processo de escolha através da internet), quando me perdi em San Francisco indo assinar o contrato na imobiliária (esse momento foi meio que desesperador!), quando fui às compras em busca de tudo que uma casa precisa para um mínimo de conforto... Mas logo o Alex chegou, para que nos encontrássemos aqui em todos os sentidos. E eu já não sei como será voltar ao antigo “lar”. Será que ele ainda cabe na nossa história? Talvez valha a pena alguns ajustes!

Esse post é em homenagem à Juliana Bueno, que nos pediu para saber como é a nossa casinha aqui em Berkeley. Abaixo está um vídeo feito com a montagem de algumas fotos cotidianas onde dá pra ver um pouquinho dela.  É só apertar o “play”...