segunda-feira, 21 de março de 2011

... entre natureza e história...

Faz uns bons dias que não escrevo no blog. Muita coisa tem acontecido no mundo e tenho pensado bastante no mistério representado pela relação entre a nossa história – como civilização, cultura, humanidade etc. – e os acontecimentos naturais.

Como todos sabem, estamos em uma região propícia a tremores de terra e próximos do Oceano Pacífico (que não é tão pacífico assim...). Aqui há folhetos - por todos os lados – sobre como se comportar em caso de um desastre natural, incêndio, ou mesmo um ataque terrorista. Escolas em que os alunos se saem bem nos testes de conhecimentos a respeito dessas situações recebem mais verba do governo. Há certo preparo da população e algumas construções têm tecnologia anti-terremoto, como muitas no Japão onde ainda existe muita gente desaparecida depois do terremoto/tsunami de sexta (11/03).
Qual será a marca que esse evento vai deixar em nossa história? Diz-se que se não fosse a tecnologia existente em milhares de construções, a destruição teria sido muito maior. Calcula-se um gasto inicial de 200 bilhões de Euros para reconstruir o país e, infelizmente, calcula-se também o número de mortos – não fosse apenas a própria barbaridade do cálculo, ele aparece abaixo do discurso do Obama no Rio e seguindo-se da notícia da falta de ganhadores da Mega Sena. Quem são as pessoas que viraram números nos noticiários sensacionalistas? Talvez as mesmas que, por conta da história – e NÃO da natureza – não podem contar com os desenvolvimentos científicos e tecnológicos que deveriam, em primeira instância, tornar a nossa vida digna de ser vivida. O que, a princípio, parece ser culpa da natureza e nos é vendido como fatalidade, destino, é, em verdade, mais uma demonstração dos rumos da nossa história, das escolhas da nossa “civilização”.  
Thomas Wheatland escreveu, em The Frankfurt School in Exile (um dos livros que estou lendo para minha tese – indicação do Jay) uma frase simples e verdadeira, mas que fez muito sentido pra mim naquela sexta-feira. De memória, ela diz mais ou menos o seguinte: não sabemos os desenvolvimentos que poderia ter tido a Teoria Crítica caso Walter Benjamin tivesse sobrevivido ao nazismo. Benjamin morreu na fronteira da França com a Espanha – pego pela GESTAPO, “optou” pelo suicídio. Nada mais natural que a morte. Nada mais bárbaro do que a morte que não é natural ou que, sendo, apenas o é porque o controle da mãe natureza se restringe aos primogênitos do poder.

Enquanto isso... nas Universidades...

Benjamin era amigo de Adorno. Adorno era casado com Gretel. Gretel trocava cartas íntimas com Benjamin. Foreplay é o nome da peça de teatro escrita por Carl Djerassi onde o drama se desenvolve e a reputação de Adorno – que teria sido traído pela esposa e tido um caso com uma aluna – é salva por Hanna Arendt (que teve um caso com seu professor, Heidegger) – inimiga do filósofo temperamental. A peça foi encenada na UC Berkeley na segunda-feira passada. Interessante experimento de um pesquisador que revela mais suas curiosidades e fantasias sobre seu “mentor” do que acrescenta cultural e artisticamente. Mais uma pegadinha da natureza? Ou seria da história?  

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