sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Hora de dar tchau...


Nosso blog foi criado a 1 ano atrás para contar nossos "causos" na terra do Tio Sam e hoje ele chega ao seu último post. Escrevo este post já em terras brasileiras, depois de quase 16 horas voando, aterrissamos quinta pela manhã em São Paulo.

Estamos nos sentindo um pouco estranhos, ouvindo tanto português pelas ruas...rs... Outra coisa que tenho estranhado nesses 2 dias é o transito, aqui é uma guerra... MEU DEUS!
 
Queria agradecer aos nossos amigos e familiares que acompanharam essa nossa aventura aqui pelo blog, foram vocês que nos motivaram a criar este blog.

A experiência foi fantástica, tivemos um ano fenomenal em Berkeley. VALEU MUITO ESSA EXPERIÊNCIA!

Foram muitos quilômetros rodados (a pé, bike, carro e avião), muitas historias, mais de 14 mil fotos e 13 quilos a menos para o Alex. Sim é possível morar nos EUA e emagrecer.
 
Abraços a todos e quem sabe no futuro não criaremos um novo blog para novas aventuras.

sábado, 26 de novembro de 2011

Aventuras Gastronômicas


Sobremesa Thailandesa.

Dizem que um dos métodos (ótimo por sinal) de se conhecer uma cultura é experimentando a sua comida - Partindo desse ponto de vista o Antunes e a Nina são especialistas em cultura Mexicana...rs -. Quem me conhece sabe que não sou muito chegado a experimentar comidas diferentes, mas esse ano aqui nos EUA abriu um pouco minha mente em relação a isso. Já experimentamos comida do Nepal/Himalaia, México, Eritreia, Mediterrânea, Grega e de El Salvador. Eu já comi até camarão (mas não gostei não). Segue abaixo algumas das nossas aventuras gastronômicas mais recentes:

Prometemos a um casal de amigos fazer Feijoada, e depois de muito tempo marcamos para sábado retrasado (12/11). Após consultar nossas famílias no Brasil e a internet, seguimos a busca pelos ingredientes necessários, não achamos alguns “originais” e tivemos que comprar os similares. Devido a isso estávamos um pouco preocupados com o gosto da Feijoada, se ficaria igual ou não. E não é que ficou?!
Nossa feijoada fez sucesso, assim como a farofa, a couve refogada, a caipirinha (feita com 51) e o doce de abóbora que fizemos. Sucesso total. 

No domingo seguinte (13/11), depois de muito tempo adiando, fomos almoçar num Templo Budista Tailandês. O primeiro fato interessante é ter que trocar dólar pelo dinheiro deles para poder comprar a comida. Segundo é almoçar junto com alguns monges budistas – Tenho um amigo monge que mora nesse templo - A comida é bem diferente e apimentada, muito saborosa, menos um “roll” de arroz e verduras que a Deh pegou, sem gosto nenhum e graça alguma. Depois do almoço, fizemos uma visita guiada – com o meu amigo monge – pelo templo, conhecendo os lugares onde eles fazem meditação e o jardim do templo. Muito bonito o lugar.

Na quinta-feira subsequente (17/11) fomos almoçar com alguns colegas meus da escola de inglês em um restaurante Sul-Coreano. O almoço foi divertidíssimo, tinha pessoas do mundo inteiro - brasileiros, italiana, koreano, japoneses, alemã, chinês, mexicanos, camaronês, entre outos... A comida é muito boa e apimentada (eu pedi sem pimenta). Tentamos comer com os famosos “pauzinhos”, mas foi bem difícil e engraçado. A Déh comeu um macarrão meio estranho, que ficava sambando na boca, mas disse que estava bom...rs...

E para finalizar, a mais recente de todas, hoje (26/11) fomos jantar num restaurante grego para iniciar a comemoração do niver da Déh. Comida excelente e em abundância, saímos de lá rolando. Eu comi Gyro, o famoso e real churrasco grego, e a Déh comeu Moussaka.

Já conhecemos vários lugares gastronomicamente falando, os próximos serão Paquistão e França.

Clique aqui para acessar algumas fotos do nosso final de semana gastronômico.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pensando o Occupy...


Esse é mais um texto que nasce de uma pergunta. A Fer Pezzato me pediu pra contar um pouco sobre o que tenho visto aqui em Berkeley a respeito do movimento Occupy. Atenta à enxurrada de fotos, vídeos e textos que tenho compartilhado no facebook sobre o assunto, ela achou que eu devia ter alguma coisa a dizer... a verdade é que eu vejo aqueles vídeos e leio os textos no esforço (enorme) de compreender alguma coisa. Mais esforço ainda fiz para escrever esse texto, que foi um bom exercício pra tentar organizar um pouco minhas idéias. Ressalto que ele é ainda incompleto e parte desse processo. Aqui vai...

Eu nunca participei de movimentos sociais. Nem durante minha graduação cheguei perto do movimento estudantil. Participei sim de todas as assembleias que consegui, porque achava importante ao menos ouvir e tentar entender. Meu problema era esse, eu nunca me senti a vontade em reproduzir um discurso que eu não entendia – talvez porque batia de frente com toda a ideologia do selfmade man que ouvia em casa. Me lembro de ter participado de uma única “passeata” dentro da Unesp, no meu primeiro ano, porque passaram na minha sala e levaram todo mundo. Como sempre, eu não entendi direito o que estava acontecendo, mas ouvi uma frase da qual lembro claramente. Conversando com alguns calouros, um veterano disse: “apenas isso não basta, é preciso ter o conceito nas mãos”.


Sproul Hall
Não é necessário dizer que estou procurando esse tal conceito até agora, é? Mas o maldito me escapa, toda vez que penso, iludida, que consegui agarrá-lo!  Esse ano, um novo desafio: tentar entender esses movimentos sociais todos que “resolveram” eclodir bem nesse ano que estou, digamos, “longe de casa”. Olha só, que nostálgico: eu estou em Berkeley, exatamente na cidade onde nasceu o “free speech movement” dos anos 1960, assistindo o que parece ser o seu “retorno”. Ontem mesmo eu conversava com uma senhora que se mudou para Berkeley em 1964. Ela me dizia: “Eu olho para o Sproul Hall como ele está agora, cheio de alunos se manifestando, e me vem à memória os discursos que eu vi ocorrer exatamente aqui no ano que me mudei. Parece que sua semente permaneceu na história e resolveu brotar esse ano novamente.”. É verdade, esse clima de nostalgia, de reviver o passado, toma conta dos discursos de muitos daqueles que vão lá, nas escadarias do Sproul Hall, falar à multidão de estudantes – que nessa terça-feira somou mais de mil. Em assembléia, votaram por ocupar a Universidade. Montaram barracas – as mesmas que semana passada foram retiradas pelos policiais que os agrediram de forma covarde. Mas, dessa vez, eles “apenas” aconselharam: “o que vocês estão fazendo é proibido”. Fico pensando, como implodir um sistema falido a partir de suas próprias regras circulares que trabalham pela sua manutenção? Talvez seja esse mesmo o espírito revolucionário que, ousando ir além do estabelecido, consegue – talvez, quem sabe? – modificar alguma coisa.


Assembleia na terça-feira que decidiu pela ocupação
O que esses estudantes querem? Em primeiro lugar, eles querem o fim da taxa de matrícula desta Universidade que é pública, mas não gratuita. Um estudante da Berkeley termina sua graduação com uma dívida média de 25 mil dólares. A essa altura, você pensa: bom, eles estão apenas pensando em si mesmos! Agora, faça as contas: são mais de 35 mil alunos. Essa reivindicação – que não sabemos onde dará – não é fruto de uma ação egoísta e individualista. Cortar a taxa de matrícula significa reestruturar o sistema universitário, aumentar o investimento do governo na educação pública, abrir a universidade a outras parcelas da população. Significa, em alguma medida, mudança na esfera social. Significa redistribuição de renda, remanejamento do dinheiro público (ao invés ajudar os bancos ou investir em guerras, que tal educação?), saindo das mãos do 1% e passando para os 99%. Por isso, os estudantes se identificam com os movimentos de ocupação que tomaram conta não apenas dos Estados Unidos. O sistema não vai mudar sozinho. Quem é que vai ter a coragem de dar a cara à tapa?


Em relação aos movimentos de massa de modo geral, vejo uma diferença. Os manifestantes do Occupy querem discutir ideias. É claro que há contradições. É óbvio que não podemos generalizar. Como disse, proliferam discursos apaixonados e para esses, seguidores também não faltam. Mas uma moça fez um pedido ao microfone e falou aos intelectuais de plantão: “não queiram adotar esse movimento e nos representar, estamos construindo com muita dificuldade, queremos conversar, mas pensar com nossas próprias cabeças, ter autonomia”. O quanto esses movimentos vão modificar o mundo em que vivemos é uma questão em aberto. Se eles avançarem na direção dessa reflexão conjunta, da tomada de consciência de parcelas cada vez maiores da população, na construção efetiva daquela autonomia, já terão cumprido um grande papel. 


PS. 1 - As barracas foram retiradas do Sproul Plaza pelos policiais na última madrugada. Mas o movimento continua.
PS. 2 – A classe média americana tem ideias similares à brasileira e acha que os estudantes têm que parar de protestar e estudar para, como eles, tentar fazer parte do 1%.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O maior espetáculo da Terra...




Quarta passada assistimos, pela primeira vez, um espetáculo do Cirque du Soleil. O espetáculo que está ocorrendo em San Francisco é o TOTEM. Frequentei diversos circos quando era criança, e alguns depois de adulto, mas nenhum espetáculo chega tão próximo da perfeição como o deles. Lógico que são tipos de espetáculos diferentes, mas fiquei fascinado com o espetáculo, me senti uma criança no circo novamente. Pena não poder filmar ou gravar durante o show, como brasileiro que sou pensei em fazer isso, mesmo sendo proibido, mas tinham 3 mil pessoas (+ ou -) assistindo o espetáculo, praticamente ninguém tentando tirar fotos, sim os americanos seguem as regras, então devido a isso me senti mal em tentar tirar foto e não tirei, só na hora de dar tchau.

É difícil descrever ou explicar a emoção e a sensação assistindo um espetáculo desses, a mistura que eles fazem com musica, tecnologia, circo e dança é fantástica, emocionante. Só quem assistiu ao vivo para saber, e afirmo: VALE A PENA. Pena que no Brasil os ingressos sejam tão caros e não temos um grande número de shows.

Eles voltarão, na última noite que estaremos nos EUA, dia 10 de Janeiro, com o espetáculo em homenagem ao Michael Jackson, mas acho que não iremos, uma pena! 

No começo do texto está o vídeo de divulgação do espetáculo que assistimos, e AQUI algumas fotinhos que tiramos (antes, no intervalo e depois do espetáculo), incluindo a foto do nosso "lanchinho" antes do espetáculo.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Uma pergunta pela manhã


Hoje pela manhã, antes de começar a trabalhar no meu relatório (sim, confesso que faço isso sempre!) entrei no facebook e encontrei uma pergunta do meu amigo Alessandro, da UFSCar, que reproduzo aqui: 

Deborah, gostaria de lhe fazer uma pergunta. Faz meses que você está aí. Eu devo confessar que tenho uma imagem bastante negativa do povo americano...os cristalizei em clichês que amalgamam imperialismo, puritanismo, racismo, superficialidade etc. Também não posso negar o fascínio que exercem, sobretudo em relação ao cinema e a televisão. Sou fã de House e, como sabe, de Star Wars. Poderia dizer como você imaginava essas pessoas e como os vê agora?”

Achei muito interessante essa pergunta, porque é algo em que tenho pensado com  frequência... Inclusive porque certo preconceito até se volta contra mim, já que, afinal de contas, eu escolhi fazer meu sanduíche nos EUA e não na Europa, pra onde vai a maioria do pessoal de humanas. Talvez eu não seja tão “vintage”. Há quem desconfie das minhas “reais intenções marxistas” (o que quer que isso signifique), confundindo um estágio de pesquisa com escolha pelo imperialismo e não pelo estado de bem-estar social (a-ham).

Tentei responder sucintamente pelo facebook, mas não consegui! E saiu esse texto aqui.

Bom, mas preconceito – ou visão parcial, estreita etc – é algo que me interessa, é algo que eu estudo e é algo em que eu estou, todo o tempo, prestando muita atenção. Especialmente em mim. E tento fazer algo na direção oposta ao primeiro impulso que vem dessa coisa que corrói a nossa alma, quer sejamos intelectuais ou não. Não inventaram imunidade para essa “doença” que é o ser “normal” do nosso tempo.  

Mas, a pergunta é como eu via o povo americano antes de vir pra cá e se minha visão mudou, certo? Meu sentimento em relação aos EUA (como país) também era esse de repulsa e fascinação (se é que ainda não é...). E, invariavelmente, esse é o sentimento do dominado. Aprendemos no discurso universitário que esse é o país dos vermes imperialistas e imorais. Aprendemos pela TV, contudo, a admirar e até invejar esses “vermes”. Você sabe qual é o problema, no meu ponto de vista, sobre essa visão? É o julgamento moral de um povo inteiro baseado numa visão econômica. De uma economia, aliás, que não são eles que dominam, mas que chegou num estágio que os domina material e psicologicamente (como faz também com a gente).

A convivência com alguns americanos me fez experienciar o que racionalmente eu já sabia. Eles são pessoas (olha que conclusão genial!) como quaisquer outras. E você vai encontrar gente bacana e gente nem tão legal assim. E você também vai perceber que a gente bacana também tem suas contradições, assim como quem não é tão legal assim (contradições que, no fim, passam até a serem certa virtude).  Passei por essa experiência também quando fui pra Alemanha (meu inconsciente ridículo me dizia que eram todos mini-Hitlers). Eu tenho tido a sorte de cruzar com aqueles que têm facilitado muito a minha vida.  Isso não quer dizer que, culturalmente, não haja diferença. Existem diferenças sim no modo de pensar, de se expressar etc. Mas, sinceramente, não há nada que os faça (ou que nos faça) superiores ou inferiores. E eu tenho aprendido um bocadinho nessa diferença, porque ela também tem me ajudado a ver quem sou.  E nem sempre eu gosto.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Experiências em Philly



Acabei de voltar da Conferência Critical Refusals, na Filadélfia. Organizada pela International Herbert Marcuse Society, não é de se espantar que o clima revolucionário tomou conta de muitas apresentações e discussões. A expressão “tolerância repressiva” foi utilizada muitas vezes para se falar da opressão velada vivida pelos grupos minoritários, sejam mulheres, negros, latinos, homossexuais etc. Mas, a realização de um evento como esse, em uma Universidade privada, nos Estados Unidos, custando caro – e muito caro – não poderia ser caracterizada também como uma espécie de tolerância repressiva?


Há dois tipos de efeito que penso que esse tipo de “tolerância” para com o discurso social – e revolucionário – podem acarretar: um externo e outro interno. O efeito externo – e por externo quero dizer que vai para além dos muros das Universidades – é a representação de certas figuras acadêmicas como líderes ou gurus de um movimento, de uma ideia etc, que reforça a formação de massas lutando “por boas causas”, mas sem a consciência de suas próprias determinações e ações. Veja bem, os movimentos, tais como o “Occupy Wall Street”, nascem de forma independente do pensamento teórico, nascem de uma necessidade prática experienciada por um conjunto da população: não há emprego, não há distribuição igualitária de comida, não há condições mínimas de uma vida socialmente justa. De fora, chegam intelectuais com seus discursos sinceramente brilhantes, que viram, ali, figuras de destaque. O que não se compreende é que a conexão entre teoria e prática tem uma dimensão necessária para além da consciência coisificada. O que falta é a compreensão de como superar essa falsa consciência.


É exatamente nesse ponto que encontro o que chamei de efeito “interno”. A falsa consciência é um fenômeno universal que está também arraigado na alma desses mesmos intelectuais. O discurso brilhante sobre determinados fenômenos sociais, sobre como trabalhar de forma radical buscando a superação das condições desumanas de vida vigentes sob o capitalismo encontra seu revés nas ações inconscientes e espontâneas que deixam transparecer uma visão de mundo centrada na América do Norte. Mesmo quando há o reconhecimento da existência de trabalhos excelentes na “periferia”, a ele se segue o pedido “inocente” de que, por favor, “escrevam em inglês ou traduzam para o inglês seus textos”. Não se dá um passo para fora da zona de conforto, não se dá um passo na direção da tão necessária auto-reflexão crítica. Não estou deixando de reconhecer aqui a importância do diálogo internacional, ao contrário, acredito que um verdadeiro diálogo internacional, principalmente entre pessoas que se autodenominam críticas, deve ser mais do que isso, deve ser cosmopolita.


Mas, essa é apenas uma reflexão crítica sobre uma conferência que foi, de longe, uma das mais impressionantes que participei, seja pela organização e estrutura, seja pelo quanto me senti bem-vinda desde o primeiro e-mail que recebi. São as contradições com as quais a gente tem que conviver, mas as quais a gente não pode deixar de problematizar, com o risco de se tornar cúmplice.


Sobre a minha apresentação, foi bem legal. O Wolfgang estava presente e foi muito bom reencontrá-lo. Também conheci um pessoal bacana do Brasil e no domingo a gente foi dar uma voltinha por Philly, uma cidade muito bonita. Confere aqui.