quarta-feira, 2 de março de 2011

A change, please!



A Universidade da Califórnia, em Berkeley, está localizada bem no centro da cidade. Próximo da entrada oeste do Campus você pode pegar o metrô (BART) e ir para vários lugares e cidades da Bay Area (incluindo San Francisco). Como todo centro, é onde você também testemunha muita da chamada “diferença social”. É onde o dinheiro circula. Onde quem tem gasta, quem não tem, fica ali na esperança de que sobre alguma coisa para ele.
Não é possível passar ileso pelo centro de Berkeley. A cada esquina nos deparamos com alguém pedindo um “change”. Alguns especificam em placas quantos dias está sem trabalho. Outros, para quê precisam do dinheiro – seja para comprar comida, café ou rum.  Como em qualquer cidade do mundo capitalista, a miséria, a marginalidade e a exclusão social, são irmãs siamesas das grandes fortunas, da ampla oferta de mercadorias, do consumo exacerbado. Convivem lado a lado.
“A change, please!”, significa, literalmente, “Um troco, por favor!”. Mas, na língua inglesa, é possível inferir muito mais do que isso. Change, como verbo, significa transformar, trocar, substituir, alterar, mudar.  Aliás, confesso que logo que cheguei aqui fiquei surpresa com aquele uso que desconhecia da palavra. Ela sempre teve, para mim, um significado positivo - e foi difícil lidar com a dura realidade de que “change” pode também significar “miséria”.  Miséria no país da abundância.
Mas, a miséria, por revelar as contradições, as falhas e a perversidade de determinado estado de coisas, não roga, exatamente, por alguma transformação?
Fico pensando, então, se o pedido não seria duplo! Qual interpretação você prefere? Ao procurar uma figura para esse post, encontrei o rapaz abaixo. Quanta sinceridade no trocadilho... ou seria a revelação do quanto somos levianos e hipócritas, mesmo quando falamos em tais mudanças?


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