sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sê inteiro


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
(Fernando Pessoa)


Há alguns dias recebi de um amigo uma mensagem no facebook. Ele dizia, entre outras coisas, que eu estou “maravilhada com tudo a minha volta”. De certa forma, ele está certo. Estou maravilhada com a possibilidade de estar aqui inteira, aberta a todas essas experiências – no que tem de alegre e de sofrido. Algumas vezes, na ânsia de passar essas experiências por textos e fotos, até mesmo momentos “trágicos” aparecem como hilários (e realmente o são, ao final das contas – ou não).
Em minha última postagem descrevi com entusiasmo e alegria meu primeiro encontro com o orientador daqui e minha primeira aula. De lá pra cá passou uma semana, a vida vai entrando no ritmo, vamos vivendo o que já se parece com o cotidiano – ainda que com muitas descobertas diárias.
Além da disciplina com o prof. Jay, estou fazendo outra – de segunda-feira – com o prof. Robert Kaufman.  Essa sim foi uma surpresa muito agradável.  Fui a sua primeira aula, pra desencargo de consciência, verificar a possibilidade de assistir o curso como ouvinte. Digo isso, porque as exigências para participar do curso, conforme consta na ementa, são enormes (algo como já ter lido todas as obras na história da filosofia, mais algumas coisas na área de artes e estética).  O prof. Kaufman se mostrou também muito atencioso e abriu as portas de seu curso para mim. Mais uma vez, adorei a aula. Assunto: estética em Adorno. E, para minha surpresa (que ingenuidade!), há mais proximidade entre as reflexões sobre a estética e aquelas sobre a ciência e a pesquisa empírica do que eu supunha. Digo, eu supunha algo sim, mas não algo tão claro como se revelou para mim na última segunda-feira.  
Obviamente, nem tudo são flores. Gente é gente em todo lugar do mundo. Por exemplo,  eu dava por garantida a possibilidade de assistir um curso sobre Educação e Teoria Crítica - já que tenho mestrado em educação e pesquisa em Teoria Crítica... Contudo, fui “barrada” pelo professor por não ter assistido o curso dele no semestre anterior (reflitam autonomamente sobre a irracionalidade do argumento). Mas, essa experiência não é nova - é de conhecimento de alguns o “causo” de que fui impedida de fazer uma disciplina porque não sou formada na área XXXX -, e só vale a pena ser contada para mostrar que briga de egos e picuinhas é algo realmente “sem fronteiras”. Mas também aprendemos com isso. Aprendemos, no mínimo, a como não ser - se quisermos levar para o lado pessoal - e aprendemos muito sobre a alma humana. O importante mesmo é estar perto das pessoas que valem a pena, e tenho sempre, por onde passo, encontrado muitas desde cedo.
E por falar nisso, outra surpresa muito agradável foi minha professora de inglês que conheci hoje. Estou fazendo aula de conversação. Uma senhora aposentada, que fora professora na UC Berkeley. Uma delícia de conversa! Sobre tudo: minha pesquisa, minha formação, receitas de panela de pressão – contei a ela minha felicidade em ter adquirido uma ontem e ela, surpresa, disse que nunca na vida cozinhou em uma e nem sabe onde comprar uma aqui! Também falamos de passeios, política, clima, desemprego nos EUA e emprego no Brasil etc, etc...
Em meio a tudo isso, em uma cidade “cabeça aberta”, multicultural e repleta de oportunidades, tenho encontrado um ambiente propício e inspirador em todos os sentidos. Por falar em inspiração, a foto abaixo é de uma das bibliotecas da UC. Como disse o Alex: “Até dá vontade de estudar!”.


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